Silêncio comprometedor
Roberto Requião, em 2002, abraçou durante a campanha ao governo do Estado o slogan "Ou o pedágio baixa, ou acaba". Era uma frase forte, bradada com entusiasmo, que dava a entender que, se eleito, ele aboliria a cobrança nas rodovias paranaenses, ou, no mínimo, reduziria o valor das tarifas. Não foi o que aconteceu. Com sete anos à frente do cargo, o preço não parou de subir. Além disso, estranhamente, até a postura do homem mudou. Nos últimos dias, apesar do novo acréscimo nos preços, sua excelência, em vez de reagir, ficou mudo. Nem mesmo na "escolinha" ele tem protestado contra a situação. O governador hoje é muito diferente daquele que enfrentava as pedageiras. O que terá acontecido? Por que o silêncio? O que está por trás de uma conduta tão mansa e passiva? Esse comportamento precisa ser explicado.
Hipótese
O fim da "raiva" do governador contra os pedágios é mais do que suspeito. Estaria em vigor um acordo oculto entre os dois lados? Requião e os concessionários teriam se acertado? Tal situação é difícil de entender do ponto de vista teórico, mas não é impossível de acontecer na prática. Nessa relação não há mocinhos.
Obviedade
Se realmente quisesse reduzir o custo das tarifas ao povo paranaense, o governo deveria forçar uma negociação com os donos de pedágio. Mas isso o Roberto jamais fez. Então...
Outra
No governo Jaime Lerner, havia uma comissão tríplice composta por um membro do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), por um pedageiro e por um representante dos usuários das estradas. Esse grupo tinha, entre suas atribuições, a função de analisar e cobrar a melhoria das rodovias, sobretudo exigir a duplicação das pistas. Requião desmontou a comissão. Como resultado, no Paraná, hoje não se vê um único canteiro de obras em qualquer região do Estado.
Por tudo isso...
O discurso oficial do governador não passa de um grande chiste demagógico. Uma piada completa. Repare que o homem simplesmente acabou com as investidas que tentavam ridicularizar os ilustres privilegiados da concessão de rodovias. Ao mesmo tempo, vale lembrar que alguns empresários do ramo são aliados de copa e cozinha do chefe do Executivo paranaense. Não é lindo?
Última
Deputados da oposição, que estão com a pulga atrás da orelha, afirmam que há um outro indício da existência de um acordo tácito entre governo e empresas: o Estado faz vistas grossas aos desmandos dos concessionários no que tange à feitura de obras de porte. As rodovias Curitiba-Apucarana e Ponta Grossa-Foz do Iguaçu são o melhor exemplo disso. Está tudo parado. Os pedageiros estão com o terreno livre para fugir das obrigações firmadas em contrato. Estranho é pouco.
Coluna/Et Cetera
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